Mostrando postagens com marcador Ac. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Ac. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Senador Guiomard é a cidade acreana que mais cai raios


O Acre ocupa a 17° posição entre os estados do país  (Foto Cedida)

O número de raios na Região Norte está aumentando e a tendência é que a incidência do fenômeno continue crescendo na região, por causa do aquecimento global. Foi o que disse uma pesquisa publicada recentemente pelo Grupo de Eletricidade Atmosférico (Gelat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Segundo dados da instituição, o Acre ocupa a 17° posição entre os estados que mais caem raios no país.

O estudo aponta que caem 4,86 raios por km2 por ano em nosso estado. O que corresponde a 0,74 (média, em milhões) referente ao ranking nacional. Os estados que mais caem raios são; Amazonas (11,00) Pará (7,38) e Mato Grosso (6,81) consecutivamente.

Senador Guiomard (AC)      (Foto Quinary On Line)
Em relação aos municípios do Acre, Senador Guiomard lidera entre as cidades que mais caem raios (7,66 - Densidade de descargas por Km ao ano). Seguido de Brasiléia 7,32 e Sena Madureira 7,02 consecutivamente.   

O raio é uma descarga elétrica de grande intensidade que ocorre na atmosfera. A intensidade típica de um raio é de 30 mil Ampères, cerca de mil vezes a intensidade de um chuveiro elétrico. Em geral, os raios provocam um clarão e, logo em seguida, um barulho denominado trovão, por causa do deslocamento de ar.

Na maioria dos casos, as pessoas são atingidas por correntes indiretas que vêm, por exemplo, pelo chão. São raros os casos em que a pessoa é atingida diretamente por um raio e quase sempre ela morre imediatamente ou, quando sobrevive, fica com graves sequelas. 

Na natureza, as descargas elétricas riscam quilômetros de céu até atingir o solo, com uma voltagem de 100 milhões de volts. Comparando com uma tomada caseira, a voltagem é praticamente 1 milhão de vezes maior.

A pesquisa divulgada ainda compara dados do primeiro levantamento de mortes por raios, de 2000 a 2009, com dados do segundo, de 2000 a 2014. De 2000 a 2014, 1.789 pessoas morreram atingidas por raios em todo o país. O número médio de mortes por ano caiu de 132 para 111, mas, apesar da redução nacional, as mortes na Região Norte aumentaram e passaram de 18% para 21% dos casos.

Brasil

Por ser o maior país localizado na região tropical, o Brasil é o sétimo em número de mortes, atrás da China (média de 700 mortes por ano), Índia (450), Nigéria (400), México (220), África do Sul (150) e Malásia (150).

Apesar da tendência de aumento de raios no Norte, de forma pontual neste verão, por causa do fenômeno El Niño, a Região Sul será muito atingida. No inverno, já registraram 500% mais raios se comparado a 2014. No Sudeste o aumento foi 100%.

Apesar do número de mortes em atividades agropecuárias ser maior, com 25% dos casos, uma das preocupações do Inpe é com o aumento, de 12% para 19%, do número de pessoas que morrem por raios dentro de casa.

Mitos e curiosidades sobre raios

Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar? Não é verdade e uma prova disso é o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, que recebe ao menos seis descargas atmosféricas por ano. A origem desse mito está nos índios, que usam pedras atingidas por raios como amuletos, acreditando que estão protegidos contra os relâmpagos.

É perigoso ficar dentro do carro durante a chuva? Na verdade, o veículo fechado é o local mais seguro contra raios – nunca ninguém morreu no Brasil atingido por raio dessa forma. Se o carro é atingido por um raio, a descarga elétrica se espalha por sua superfície metálica, sem atingir quem está dentro dele.

A pesquisa foi apresentada pelo
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
Qual é a diferença entre trovão, raio e relâmpago? Relâmpago é toda descarga elétrica emitida por uma nuvem; raio é a descarga elétrica que toca o solo. Trovão é o som produzido pela descarga elétrica.

Dá para saber a que distância caiu o raio? É possível estimar a distância em quilômetros com um cálculo simples: basta contar o tempo (em segundos) entre o momento que se vê o raio e se escuta o trovão e dividir por três obtendo-se a distância aproximada em quilômetros.

 Existem raios que não partem das nuvens? Sim, são os chamados raios ascendentes, que saem de estruturas altas (torres, prédios altos) em direção às nuvens. Correspondem a cerca de 1% dos raios. O ELAT foi o pioneiro no registro deles no Brasil, observados em torres do pico do Jaraguá na cidade de São Paulo.


Os raios são diferentes em diferentes regiões? Sim. No Brasil, os raios do Rio Grande do Sul tendem a ser mais fortes e destrutivos do que os que caem em outras partes do país.

Publicado Originalmente: Jornal O Rio Branco
Reportagem: Wanglézio Braga. 

sábado, 31 de outubro de 2015

A arte de rua que sobrevive nos arredores do Terminal Urbano

Dos estrangeiros aos brasileiros que expõem o melhor de uma cultura

Estivemos no local para conhecer este “menu” cultural e compartilhamos a trajetória de vida e profissional de pessoas simples (Fotos Wanglézio Braga)

O endereço é o de sempre: Avenida Brasil com Rua Sergipe N° 321 – Centro de Rio Branco (AC). Milhares passam todos os dias por este local para pegar o transporte coletivo, outros trabalham nos comércios da redondeza, mas também passam por lá e ainda existem aqueles que vão a passeio.  Em meio à vida corrida é perceptível que a cultura da arte de rua vem sobrevivendo ali no coração da cidade.

Há tempos, o entorno do Terminal Urbano de Rio Branco vem se tornando ponto de encontros de viajantes estrangeiros e de artistas brasileiros que trabalham com pinturas, peças de teatro, canto e até dança. Um verdadeiro cardápio cultural a sua disposição. Com ou sem moedas, o importante é compartilhar uma visão diferenciada das coisas da vida, do estilo de uma sociedade ou quem sabe de um mito.

Estivemos no local para conhecer este “menu” cultural e compartilhamos a trajetória de vida e profissional de pessoas simples que sobrevivem de poucas moedas deixada por admiradores mais sobretudo de cultura. Gente que veio da Colômbia, Roraima e Rondônia com o único objetivo: Apresentar a sua arte.

No chão: O giz e carvão  

Nem mesmo o vai e vem dos pedestres no calçadão, o barulho dos ônibus e o calor excessivo tiram a atenção do jovem Cristian Olaya, 23 anos. Ele é artista de rua há oito anos, nasceu na Colômbia e está no Acre de passagem depois de uma temporada pela região norte, nordeste e centro-oeste do Brasil. Ele fica em Rio Branco até dezembro onde tenta regressar para sua cidade de origem, Bogotá.  
  
 Cristian Olaya usa as técnicas de Giz e Carvão para desenhar na calçada 
(Foto: Wanglézio Braga)

O que difere Cristian dos demais artistas são as técnicas que ele utiliza para desenhar. Giz escolar colorido, aqueles usados em lousas, e carvão vegetal são as suas ferramentas de trabalho. Mais talvez você esteja se perguntando, onde ele traça seus personagens? No chão!  Isso mesmo, na calçada.

De baixo do frondoso pé de Apuí, Cristian desenha personagens da fauna e flora, bem como rosto de personalidades que contribuíram de alguma forma para o mundo. Por dia ele tem o alvo de desenhar dois personagens.

“Por um lado é como se estivesse falando, opinando sobre diversos assuntos. Com os desenhos posso falar de um tema específico ou idéias que tenho na minha cabeça. Talvez uma forma de manifestação contrária a proposta de um político que não gostei posso também fazer um desenho sobre isso”, comenta.

Antes de começar a desenha ele analisa o local, o fluxo de pessoas e até as condições do solo. A técnica pode até parecer simples, mais não é. Enquanto desenha, fica atento ao seu redor, afinal, a chance de alguém pisar nos moldes e estragar o desenho é grande. Mais ele disse que já está acostumado, apesar de compreender que o espaço é público.

“Infelizmente a pintura é muito celetista por conta das galerias. Você tem que ter muitos quadros para formar uma exposição. Além disso, as pessoas daqui não têm muito a cultura de ir aos museus, galerias, então resolvi trabalhar assim para todo mundo. Mostro a minha arte para rapaz que vende água até para aqueles que possuem muito dinheiro”, diz.

E quando a chuva cai e leva literalmente seus desenhos? Para ele é um momento especial, tempos de renovação. “Gosto quando a chuva cai e leva o meu trabalho depois de pronto. Passa a sensação de dever cumprido. É um trabalho natural, um processo normal”, salienta.

O artista aproveita para deixar um recado aos seus expectadores e também para quem passa pelo local. “Tirem pelo menos alguns minutos para ver, analisar e sentir a arte. Não deixem que a rotina da vida tire de vocês essa chance de observar a arte. Sejam críticos, leiam livros, observem o que estamos fazendo e também contribuam”, finaliza.

Música – O canto que uniu Acre e Roraima

A arte é capaz de selar também o amor. A prova dessa afirmativa vem do casal de músicos João Grilo (35) e Gabriela Lima (26). Ela veio de Roraima, ele é daqui. Ambos se conheceram num espetáculo de teatro. Depois de algum tempo namorando, resolveram viver juntos e criaram um projeto de música “Voz, Violão e Bongô” desenvolvido no Calçadão da Epaminondas Jácome.

Os planos do casal de músicos é viajar para o nordeste do Brasil / (Foto: Wanglézio Braga)
O projeto vem dando certo. Uma vez por semana, com a ajuda do filho Antônio (06), eles cantam um repertório de aproximadamente 40 músicas entre popular brasileira até baião do Gonzaga. Com um caderninho na mão, os músicos seguem a risca o repertório que é adaptado para lugares como praças, calçadão e o próprio Terminal. Sucessos de Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga, Roberto Carlos e outros que os admiradores estão acostumados a ouvirem são incluídos nas apresentações.

“Esse é um meio de levar ás pessoas energia positiva. Afinal, é estressante o vai e vem, o trânsito e também o próprio trabalho delas. Cantar é muito bom e quando as pessoas param para receber, por meio da música, uma mensagem de força isso nos dá a alegria de continuar trabalhando aqui”, enfatiza Gabriela que recebe afirmativa de João Grilo “Chegam diversos tipos de públicos, nem todos conseguimos agradar. São pessoas de várias classes. A receptividade é boa. Aqui no centro é interessante porque muitos passam na correria, param e começam admirar nosso trabalho, deixam uma contribuição e voltam depois. Muitos parabenizam e elogiam nossos esforços”.

Gabriela define o trabalho deles como “manguiá” um termo que significa “a arte no caminho do meio”. “Isso ocorre quando você trabalha como autônomo com a arte, e começam a produzir, as pessoas interagem e contribuem. Posso afirmar que dá pra viver desta maneira”, ressalta.

Os planos do casal de músicos é viajar para o nordeste do Brasil. Por lá, eles querem incluir a sanfona nas apresentações. Estão planejando esta viagem para os próximos meses.

Os artistas também aproveitaram a oportunidade para deixar um recado especial ao público. “Quando nos ouçam ou vejam nossos artesanatos, parem e apreciem. Faça uma reflexão, ela vai ajudar a absorver algo de bom que queremos passar. Tentamos passar um sentimento melhor. Se estiver amargurado ouça uma música e veja que seus problemas serão passageiros”, finalizam.

Robson Dutra – A Estatua Viva

Há 10 anos ele faz tudo sempre igual; Arruma a mochila com maquiagem e adereço de seu personagem e sai pra trabalhar. Robson Dutra (27) nasceu em Rondônia, veio ao Acre para uma apresentação na Expoacre e nunca mais saiu daqui. É em torno do Terminal Urbano que ele mostra suas habilidades como “Estatua Viva”.

Robson nasceu em Rondônia e atua como Estatua Viva (Foto:Wanglézio Braga)
O gosto pela arte vem desde criança. Durante a vida, conheceu pessoas que impulsionaram a seguir esta carreira. Atua também como palhaço, é humorista, faz apresentações em eventos de casamento, formatura e em gerais.

Mais é nos arredores do Terminal Urbano que ele tira o sustento da família. Depois de passar a tinta prateada, vestir a roupa especial lá se vai para mais um dia de movimentos ora bruscos, ora suaves. Mais sua jornada não é tão fácil como imaginam, afinal, nem todos sabem valorizar seu trabalho.


“A maior dificuldade seria demonstrar as pessoas sem conhecimento, como apreciar a minha área de trabalho. Quero passar a elas que não estou mendigando, mais sobrevivo da arte. Lá fora, tenho um trabalho bem reconhecido, aqui posso dizer também que tenho, porém, ainda as pessoas não sabem valorizar esse tipo de apresentação”, ressalta.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Acre fica entre os primeiros estados com maior número de homicídios por arma branca




Os estados do Amapá, Tocantins e Acre lideram o ranking das federações que mais totalizaram uso de objetos cortantes, perfurantes e pontiagudos usados para cometer homicídios no país. A constatação é do “Mapa da Violência de 2015” divulgado nessa semana em Brasília (DF) pela Faculdade Latino-América de Ciências Sociais.

No país, em média, 15,8% dos homicídios foram cometidos em 2013 com facas que são chamadas de armas brancas. O Rio de Janeiro é o estado onde menos se mata com armas brancas. O estado de São Paulo tem a sua proporção de 16,9 %.

Ainda abordando o quadro geral, o nosso país registrou 56,6 mil homicídios em 2013. Trazendo a nossa atenção a região norte, o Amapá teve a maior participação de arma branca no total de homicídios (46,6%), seguido pelo Tocantins (41,2%) e o Acre (32,8).

Também nessa semana, a Câmara dos Deputados desarquivou um projeto de Lei de 2004 que visa proibir o porte de armas brancas nas ruas. O texto está em análise na Comissão de Constituição e Justiça da Casa de Leis.

Vale lembrar que a lei penal hoje não criminaliza o porte de facas e outras armas brancas. Se alguém for surpreendido portando uma faca em local público, pode ser conduzido à delegacia de polícia, onde a autoridade policial determinará a elaboração de um termo circunstanciado e o acusado será liberado. Em sendo criminalizado o porte de arma branca, o tratamento será exatamente o mesmo.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

De jogador equatoriano famoso a microempresário no Brasil



Júlio César na estrada do Equador - Arquivo Pessoal

Nuvens carregadas ameaçavam chover a qualquer hora na tarde de hoje, mesmo assim, pego minha motoca em busca de mais um personagem. Desta vez, indicado por Chango o dono da (El pincel viajeiro). Pelas descrições do peruano, procuro um rapaz franzino, de traços indígenas e com sotaque Castelhano/português e proprietário de um lanche.

No bairro indicado, ninguém o conhece, até que estaciono próximo a um comércio e pergunto: - Conhece algum equatoriano?

Assustado, Júlio César Hernandes, de 26 anos, respondeu que é equatoriano, e retribuiu minha pergunta com um olhar de medo, curiosidade e esperança.

Tiro o capacete, cumprimento-o, me identifico e pergunto se poderíamos conversar. Levou-me até a sua casa que fica a poucos metros do rio Acre para mostrar como vive com sua namorada, o que faz no Brasil e relatar a sua interessante história de vida.

Chegando a sua residência humilde, cedida pelo sogro, me convidou para entrar e a chuva que ameaçava cair, desabou por longas horas. Mesmo assim, começamos a papear, e ele disse que enfrentou cinco dias dentro do ônibus para realizar um sonho em terras brasileiras, ou melhor, nos gramados dos times do país; ser jogado do flamengo e conhecido que nem o Zico.

Júlio é um famoso jogador profissional de futebol. Em Guayaquil, cidade habitada por 85% da população negra do Equador, jogou pelo Sociedad Desportivo Quito um dos times mais famosos, depois da seleção equatoriana. Teve ainda participação na seleção do Equador na categoria sub-20.

Antes de falar sobre sua carreira e dos primeiros dribles no futebol, ele me explicou que seu pai também era atleta e que vivia numa cidade litorânea, junto da   sua mãe e mais quatro irmãs.             

Com seu time aos 6 anos - Arquivo Pessoal 

Pergunto sobre sua infância, e apontando para a chuva, diz que o cheiro e o barulho das águas trazem boas recordações como pescar ao lado do pai na beira do mar, das excursões que fazia com os amigos em busca da onda perfeita e da água de Jamaica que pegava dos coqueiros da serra.

Relatando sobre a viagem para cá, contou que foram longas horas abordo do ônibus e que passou por cidades estranhas e deslumbrou belíssimos cenários da natureza, como por exemplo, o sobrevou de uma flamingo próximo a sua janela.

Mais calmo e empolgado, fala da viagem para Argentina. Ao completar 18 anos e se revelando um craque, embarcou e desvendou as terras de Cristina Kirchner em busca de oportunidades, mas, sem sucesso.

De volta ao Equador, trabalhou como barman em um hotel que pertencia a uma família Judia. Conheceu e fez amigos da Alemanha, Brasil, França e Peru.

Conta ele que “um homem me reconheceu na fila de emprego e elogiou meu trabalho como jogador de futebol. O judeu, dono do estabelecimento, falou que não iria me contratar por não ter perfil para a vaga. O homem que estava na fila comentou que eu era muito bom no futebol. O judeu que gosta de futebol e tem um time mais que (não sabe jogar), me convidou para jogar, no entanto, recusei porque anteriormente havia frustrado na Argentina e o judeu me ameaçou dizendo que só me aceitaria como barman se fosse jogar no seu time. Como era trabalho, e no Equador é difícil, resolvi aceitar prontamente o emprego”, disse contando ainda que “depois de contratado, todos os dias, os judeus falavam seus idiomas o que me ajudou a compreender alguns costumes e crenças”.

O desembarque em terras de Zico, Pelé e Ronaldo.

Depois de reacender a chama no time do judeu, decidiu o equatoriano que precisava ir ao Brasil e vestir a camisa de algum clube, tudo por influencias do seu pai e desejo de conhecer os seus ídolos brasileiros.

Na primeira oportunidade, Júlio com 23 anos, saiu do litoral na fronteira do Equador e Colômbia, atravessou o Peru e chegou ao Brasil pelo Acre no final de setembro de 2009. Foram longos dias dentro do ônibus (ele não tomou banho por cinco dias e só comeu pequenos lanches).

Enfrentou uma saga para receber a autorização e o visto no país. Ao chegar a em Xapuri, foi abordado pela Polícia Federal ordenou retornar à Epitaciolândia para registra-lo no sistema. Sem dinheiro, Hernanes deve que retornar a pé, mas por sorte, conseguiu uma carona até a fronteira.

Típica pochete equatoriana - Foto: Wanglézio Braga

Peço que detalhe como a cultura do seu país, rapidamente, corre até o seu quarto e trouxe consigo uma bolsa contendo algumas miniaturas típicas do Equador. Entre os objetos apresentado, uma pochete, que dentro dela havia um cordão preto e uma minúscula bolsa vermelha.

Quando peguei o objeto, disse ele que 'sentirá medo após contar a história do cordão vermelho'. Na hora pergunto porque e responde que, "é comum nas aldeias indígenas do Equador, extrair pedaços de ossos dos ancestrais para atrair sorte. Nesse que você segura, carrego pedaços do dedo do meu avô", explicou rindo da minha expressão facial.

Dentro da bolsa havia pedaços de ossos - Foto: Wanglézio Braga

Depois da explicação macabra, mudei de assunto e perguntei o que ele mais acha de diferente no Brasil. Ele respondeu que algumas expressões são bem parecidas do seu idioma e outras um tanto inusitadas.

“Certa vez, esperava o autobus (ônibus em português) juntamente com um colombiano, e duas mulheres estavam próximas a mim, de repente, o ônibus se aproximou e gritei:- Vamos colar a buceta! (Vamos pegar o ônibus!)”.

A reação das mulheres que estavam próximas, não foi a melhor. Uma delas deu tapa no  braço  de Júlio, que prontamente explicou que estava referindo-se ao ônibus. “Sem entender, todos rimos muito até perder o ônibus”, esclareceu o vocabulário aparentemente chulo.

“Costumamos comer garapa de cana que se chama “Panela” no Equador. Quando cheguei a Rio Branco fui ao supermercado para comprar, infelizmente não achei. Pedi ajuda de um funcionário que me levou a seção de panelas. Fiz cara feia, pedi uma caneta e um pedaço de papel para desenhar o que queria. Ele trouxe e para a minha sorte, um rapaz que estuda na Bolívia explicou que no Brasil chama-se “Rapadura ou Açúcar Mascavo em barra” e não panela”, contou gargalhando.

Audácia na cafeteria e sua amada namorada

Comentando sobre o assédio das fãs e dos amores conquistados, o equatoriano revela que conheceu inúmeras mulheres inclusive uma americana.

“Trabalhei em Guayaquil numa cafeteria e lá cuidava de por café na xícara e entregava aos garçons. Num dia de trabalho encontrei uma cliente americana que pediu café expresso e ficou sentada aguardando. Ela era muito bonita, por minutos fiquei contemplando aquela beleza norte-americana. Correndo o risco de perder o emprego, aprontei e fui pessoalmente servi-la. Minha supervisora ficou muito chateada por essa atitude, afinal, existem garçons para servir. Mesmo assim, falei para americana que meu expediente terminava ás 9h e desejava muito conhecê-la. Ela concordou e voltei ao meu setor onde recebi uma advertência”, relatou e continuou, “namorei com ela por alguns anos onde aprendi falar inglês. Planejamos morar nos Estados Unidos, mas isso não foi possível por causa da burocracia americana. Ela foi embora e nunca mais nos falamos”, lembrou.

“Quando desembarque em Rio Branco as pessoas diziam que encontraria mulheres bonitas. Atestei quando conheci a minha atual namorada. Ela trabalhava num lanche no centro. Quando ela passava pela Gameleira meu coração palpitava. Certa vez a encontrei numa festa. Ela estava toda linda de cabelo encaracolado, maquiada e usava um batom que chamava atenção. Apaixonei-me mais ainda nessa hora. De repente, passei a visitar sua casa uma vez por semana e conversei com o seu pai sobre o nosso namoro, estamos juntos alguns meses e espero continuar com ela, pois é batalhadora, inteligente e bonita”.

Enfrentou dificuldades e não esqueceu o futebol

No Desportivo Quito- Arquivo Pessoal

Sendo um jogador famoso em seu país, Julio César, não teve muita sorte nos gramados brasileiros, ou seja, ainda não alcançou a fama desejada. Os times de futebol acreanos não os melhores do cenário nacional, mais foi que conseguiu por enquanto.

Contou que seu primo mora em Minas Gerais, e por lá, tentou agendar uma reunião com caçadores de talentos dos times mineiros, mas espera até hoje um contato dos contratadores.

No currículo, jogou uma temporada pelo Vasco mais foi demitido por não ter conseguido regularizar os documentos junto á embaixada. A regularização é um dos principais problemas que ele enfrentou nos últimos anos (ele e muitos outros estrangeiros que chegam à fronteira do Acre).

Contou que sua família insistentemente – por telefone ou internet – por seu regresse ao Equador, ele responde que “voltarei quando realmente conseguir os meus objetivos”, afirmou com muita convicção.

Para sobreviver em solo acreano, Hernanes trabalhou como barman e técnico de refrigeração, no entanto, o preconceito por ser estrangeiro foi à causa das demissões. Por isso, resolveu criar o próprio negócio e há três meses tornou-se um microempresário.

“Já que precisava trabalhar em alguma coisa, resolvi montar o meu próprio negócio. Comprava os salgados e revendia nas ruas. Como não deu certo, aprendi a produzir os lanche e abrir uma lanchonete com ajuda do meu sogro. Junto com a minha namorada produzimos 60 salgados por dia. Graças a Deus os negócios estão indo muito bem”, contou.
Empolgado, me contou que também trabalha com peças de artesanato, no entanto, por respeito à natureza e a biodiversidade amazônica, não confecciona a arte.

Indago sobre sua carreira no futebol, dos sonhos e do futuro. Suspirando, responde que “vou conseguir! Passou alguns anos, estou me acostumando com a cidade e a cultura do povo brasileiro. Corro diariamente pelas ruas, treino futebol com um grupo de pessoas e procuro contatos.  Deus está preparando algo de bom na minha vida, eu creio!”.

Encerro a história de hoje torcendo pelo sucesso de Júlio e resumo tudo que contei em  duas citações. Uma do trecho da música do Skank que reza; “Quem não sonhou em ser um jogador de futebol? Que emocionante é uma partida de futebol”, e a outra de Clarice Lispector que diz; “Sonhe com aquilo que você quiser. Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance de fazer aquilo que se quer”.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Até ano que vem

"Se choras por não ter visto o por-do-sol, ás lágrimas não te deixarão ver as Estrelas" - Bob Marley

Foto: Wanglézio Braga 


Foto: Wanglézio Braga 

Foto: Wanglézio Braga



Chango veio pra cá, rodopiou no salão e mostrou que é bom conhecer a cultura alheia


Arquivo pessoal 

Dia desses, saindo de uma festa latina no Clube Tentamen, encontrei um homem de estilo diferente, trajando jaqueta preta, cabelo estilo Neymar, uma trança que caia de lado no pescoço, óculos escuros e de sandálias.  

Muito sorridente e simpático com a minha amiga, que estava magnífica naquela noite, identifica-se como “Chango” nascido em Lima, Capital do Peru.

Cumprimentamos-nos e começamos a papear sobre as danças latinas e das musicas que estava tocando. Prontamente, minha amiga, perguntou se ele dançava salsa, merengue e a cumbia (típicas em seu país). Sem pestanejar, ele responde com passos de cumbia e diz que dava aula de dança (pra não dizer show).

Como de sempre, Ângela e eu, caímos na gargalhada e não botamos muita fé no gingado do peruano esquisito.  

Saímos para comprar chiclete de caixinha na Rua 24 de janeiro e quando voltamos, encontramos o Sr. Chango rodopiando no salão com uma morena que dançavam freneticamente um lambadão. Nessa hora, Angel e eu, ficamos impressionados com aquele rodopiado e gingado que ambos faziam.

Confesso que até tentamos pegar alguns passos, mais não dava, eram rápidos demais e tínhamos outra festa para irmos (não poderíamos suar).

Arquivo pessoal


Dias depois, novamente, Ângela eu, fomos dar um bordejo no Novo Mercado Velho onde acontecia uma feira artesanal. De repente, avistamos uma roda e no meio, um artista de rua pintando belíssimos quadros. Quem era? “Chango” o dançarino. Esperamos acabar a apresentação, fomos correndo cumprimenta-lo.

Com jeito simpático e “Hermano” de tratar os outros, foi logo dizendo que tinha uma cabeça boa e que se lembrava dos nossos rostos.

Novamente papeamos por algumas horas, trocamos contatos, e marcamos para nos ensinar uns passos na casa da Ana. Mesmo assim, combinamos para o dia seguinte tomar uma cerveja no mercadão e almoçar um tambaqui frito.

Chegando lá, encontro o peruano vestindo uma camisa laranja com desenhos indígenas dizendo que havia confeccionado a camisa. Daí, pergunto sobre sua profissão. Ele relatou que era professor de dança, guia turístico, artesão, pintor de quadros feito com tinta óleo/spray, empresário, músico e que falava francês, português, inglês e italiano.

Explicou que seu nome verdadeiro era Piero Aranibar B., mas era conhecido por “Chango” que significa “macaco forte”, tendo em vista que desde pequeno malhava e quando passeava por seu bairro todos gritavam “lá vai o Chango!”.

Aos 36 anos, Piero Aranibar é pai de três meninas sendo duas peruanas e uma dominicana. No Peru, casou-se bem cedo e depois terminou o relacionamento onde viajou para outros países da America do Sul e ilhas do Caribe em busca de conhecimento, aventura e novos amores.

Ele conta que desde pequeno se considerava um artista e que sua cidade, Lima, não proporcionava cultura e arte suficiente. Por meio das viagens que fazia se deleitava em conhecimento, aventura e quebrava paradigmas impostos por sua mãe.

“De trem, avião, barco, carro, moto e até de pé”, explica ele, “conheci Argentina, Chile, Bolívia, Equador, Colômbia, República Dominicana, San Martin, Haiti e agora, o grandioso Brasil”.

Por onde passou, aprendeu! Aprendeu que é preciso respeitar a cultura de cada povo e que é fundamental ser assertivo (ter inúmeras qualidades) para ser mochileiro, e no final, sobreviver.
Chango - hora dava atenção ao prato de galinha caipira, hora conversava comigo - contou das inúmeras histórias que presenciou em suas andanças pelo mundo a fora e que me fez gargalhar e imaginar tais situações.

O beijo santo, expulso de um ritual e expressões nada convencionais


Arquivo Pessoal

Chango relatou que em sua viagem a Porto Príncipe, capital do Haiti, esperava na rodoviária um táxi para leva-lo até o hotel. De repente, encontrou um homem negro, alto, forte em cima de uma moto que estalou um beijo em sua direção e com o pescoço fez um convite para subir no veiculo. Prontamente ele recusou e pensou que o homem estava com má intenção. O gesto foi seguido por três outros haitianos que aproximavam de suas malas empoeiradas.

“Fui numa loja que tinha uma mulher linda, alta, de cabelos longos e pelo visto dona do lugar. Antes de perguntar como conseguiria um táxi, ela fez o mesmo gesto que os homens da moto. Pense! puxa to palpitando o coração dessa gente, sou bonito mesmo!... Até que descobri que eram apenas cumprimentos e espécie de indagações como; O que você quer? O que procura? Quer táxi?”, explicou e continuou, “aí entendi que aquilo era um cumprimento e não uma paquera ou cantada”.

“Na fronteira do Haiti, presenciou algumas pessoas vestidas de branco que nem os praticantes do candomblé, que dançavam, cantavam e bebiam. Um deles me ofereceu um copo de cachaça, tomei e segui o grupo que dançava para comemorar alguma coisa boa. Mais na frente, entramos numa caverna onde ouvi uma voz trêmula e um senhor sentado e em sua volta havia crânios e velas. Ele era alto e tinha olhos brancos (parecia cego), e as pessoas faziam filas para entregar alimentos, cachaça e dinheiro. Enquanto chegava a minha vez, sem presente algum, notei que em sua barba grande, havia muitas abelhas que faziam um barulho estarrecedor. Quando chegou a hora de entregar o que não tinha, passei minha mão próxima à barba dele (que tinha mel) para espantar as abelhas. Aquilo foi uma afronta. Todo mundo correu com medo das abelhas e alguns homens corriam atrás de mim. Dois deles me alcançou e fui jogado pra fora da caverna. Depois disso, todos os lugares que visitei as pessoas me apontavam como se tivesse acusando de alguma coisa. Foi aqui que entendi que tinha acabado com um ritual deles e que o homem era um guru”, relatou.

Por minutos gargalhamos e ele continuou contando...

 “Sabe das aquelas moedas pequenas que dão de troco? Pois bem, chego à República Dominicana e quando desço do carro uma família (marido, esposa e um bebê de colo) me aguardavam. Na minha mão direita uma mala, na esquerda outra e nas mãos, muitas moedas. Daí, muito hospitaleiros, o marido pegou uma mala, a esposa mesmo com o bebê outra e minhas mãos cheias de moeda. Pedi pra levar uma mala, e eles recusaram. Novamente pedi para segurar o bebê e a mulher entregou para mim. Aproximei-me do bolso dela e disse que poderia ficar com o meu “Rípio” que na minha cidade significa piçarra (pelo tamanho e quantidade das moedas). Revoltada, a mulher começou a me tratar estupidamente, o marido soltou a minha mala e arrancaram o bebê dos meus braços. Procurei um tradutor e descobrir que, tinha oferecido no idioma deles a péle do meu pênis. Só aí descobri que as expressões eram convencionais e ainda saí do vilarejo como tarado”.

Novamente gargalhei e as pessoas próximas da nossa mesa ficaram olhando... E ele voltou a contar que...

“Sempre gostei de música, de tocar violão e ouvir a “Banda Toto”. Nas viagens pelos países, procuro conhecer as lojas que vendem discos. Encontrei uma que tinha como atendente uma moça alta com sorriso encantador. Pergunte se tinha Toto, ela fechou a cara e respondeu que tinha mais que não era mim. Sem entender apontei para o disco na prateleira e mais calma explicou que Toto em seu idioma significava vagina. Mais uma vez fiquei morrendo de vergonha”, disse.

"Insatisfeito, continuarei viajando em busca da cultura perfeita"

Chango disse que veio para o Brasil com um único objetivo; conhecer a cultura do país. Aqui conheceu uma Italiana que se apaixonou e casou. Não teve filhos com ela e confessou que o casamento não vai muito bem.

Viajou para a Bahia, Rio Grande do Sul, São Paulo, mas, o Rio de Janeiro foi o lugar escolhido para morar e construir o próprio negócio. Na cidade carioca, ele montou a El Pincel Viajeiro uma empresa especializada em pinturas corporais, em tecidos e quadros.


Pintura feita  com Spray - Arquivo Pessoal 

Pintura feita com Tinta  óleo - Arquivo pessoal 

[Veja um pouco dos trabalhos de Chango em http://pieroaranibar.artelista.com/ 
ou elpincelviajeiro@gmail.com

Ainda sedento pela cultura alheia, o peruano, viajou para o Acre onde vive há três meses e ficará até o próximo 01 de janeiro de 2013. Ele pretende retornar ao Rio de Janeiro para tocar sua empresa, e é claro, viajar por outros países do continente.

Família, saudades e futuro.

Nosso papo foi tão bom que nem percebi que havia devorado a galinha caipira. Mesmo ciente de que não encontrou a cultura que tanto almeja, pergunto como é viver longe da família.

Chango contou que seu pai e o irmão mais velho vivem nos Estados Unidos, já o mais novo, é empresário na Ilha de San Martin e sua mãe continua morando no Peru. Pergunto sobre suas filhas, lembrou-se do casamento com uma hatiana a qual ficou grávida e ambos foram morar na República Dominicana. Essa filha que ele tenta busca-la para morar no Peru ou no Brasil.

“Sinto saudade de todas, mais, a dominicana quero busca-la a qualquer custo para oferecer uma educação de qualidade e conforto”, disse lembrando-se das outras duas, “as outras peruaninhas também amo muito, de seis em seis meses vou a Lima para vê-las e matar a saudade sem contar nas conversas pelo Skype”.

Finalizando a sessão de interrogatório, pergunto sobre o seu futuro. “Meu futuro a Deus pertence. Quero rodar o mundo a fora, ir aos Estados Unidos e rever meu pai que não vejo há 15 anos. Antes de regressar, vou conhecer todas as regiões do Brasil e partirei em busca de novas realidades”, concluiu a entrevista e o almoço.

Durante horas que conversei com Chango notei que é preciso respeitar as pessoas (vestimenta, raça e ideais) e acima de tudo, é fundamental viajar mais, vivenciar coisas boas e lutar pelos sonhos. Com isso em mente, espero que 2013 seja o ano de viagens e do conhecimento, pois é ele que move o planeta. 

Na próxima postagem, vamos conhecer um Equatoriano que casou com um acreana e que não quer sair daqui jamais. Não perca! 

sábado, 29 de dezembro de 2012

Logomarca da prefeitura de RBR para 2013 a 2016



A ponte Juscelino Kubitscheck, ou popularmente conhecida como “Ponte Metálica”, foi escolhida como símbolo e marca da nova gestão da Prefeitura Municipal de Rio Branco (2013-2016). 

A ponte metálica lembra a cidade por ser uma das imagens mais marcantes da sua paisagem urbana e representa a capacidade de realização dos acreanos pelo desafio gigantesco quer foi a história da sua construção e simboliza a união da cidade por ter ligado definitivamente o Primeiro e Segundo Distrito.